Roberto Felippe Palmari nasceu em São Paulo, no dia 5 de julho de 1934. Seus pais Arnaldo Palmari e Yolanda Gregori Palmari, eram proprietários do Hotel Palmari, em Rio Claro, localizado em frente à Estação Ferroviária.
Desde sua juventude Roberto Palmari revelou-se um importante ator no cenário cultural de Rio Claro. Personagem que, hoje, mereceria a designação de “agitador cultural”, pelo dinamismo e motivação que o caracterizavam, aliados a um enorme potencial criativo. Estudou na Cinecittá, em Roma, iniciou sua carreira no teleteatro de Ademar Guerra “Urgente (Um namorado para Sheila!) na TV Tupi. Ele, que já havia estudado teatro, aceitou interpretar uma das personagens na trama.
Palmari sempre esteve envolvido com as mais diversas vertentes da Arte e manteve estreito relacionamento com figuras significativas do âmbito artístico brasileiro e mesmo internacional; foi, contudo, o Cinema sua grande paixão.
A HORA E A VEZ DO CINEMA:
Um documentário – “A Hora e a Vez do Cinema” exibido pela rede de televisão Cultura, em 1999, registra a efervescência cultural do Bexiga, bairro paulistano, nas décadas de 60 e 70. Nesse documentário o cineasta Ugo Giorgetti destaca a importância de cineastas como Roberto Palmari, Roberto Santos, Anselmo Duarte e Luís Sérgio Person, os quais, trabalhando em produtoras e laboratórios da região, lutavam pela expressividade do cinema nacional.
Quando falamos em Roberto Palmari, estamos nos referindo, principalmente, a um homem de idéias arrojadas que produziu, inclusive, o primeiro e pioneiro Festival de MPB, veiculado pela antiga TV Excelsior, sob patrocínio da Rhodia, o qual revelou Elis Regina e Edu Lobo.
O PUBLICITÁRIO:
O talento e criatividade de Roberto Palmari se traduziram em obras inovadoras, também no setor publicitário, trabalhou em diversas Agências de Publicidade, entre elas a DPZ.
Prova incontestável de sua versatilidade artística foi a produção, em 1970, de Afrodísia – espetáculo de moda e desfile, precursor da moda e da estética hoje tão comuns. Afrodísia lançou a coleção Rhodia de inverno e envolveu nomes como o do bailarino Lennie Dale e o cenógrafo Cyro Del Nero.
PREMIADO NO IV FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO
Como cineasta, o ápice da carreira de Roberto Palmari foi, sem dúvida, a conquista do Kikito de melhor filme no IV Festival de Cinema de Gramado com o filme “O Predileto” de 1976. O filme, cuja história mostra a solidão do velho, marginalizado nas grandes cidades e no meio familiar, conquistou também os prêmios de melhor ator para Jofre Soares, fotografia para Geraldo Gabriel e Roteiro para Roberto Palmari e Roberto Santos.
No ano seguinte, 1977, um projeto da revista Status transforma em filme quatro contos eróticos premiados num concurso. Roberto Palmari dirige um deles, intitulado “As três virgens”.
O DIÁRIO DA PROVÍNCIA – O filme
Em 1979, produz “O diário da Província” rodado nas cidades de Rio Claro, Santa Gertrudes e Corumbataí, filme cuja importância se relaciona ao pano de fundo histórico-cultural que apresenta; a personagem vivida pelo ator José Lewgoy – Acácio, remete-nos ao universo do romancista Eça de Queiroz, demonstrando, mais uma vez, a sólida base intelectual sobre a qual foi alicerçada a sua obra e o poder de sua inventividade.
Seus filmes, “O predileto” e “O Diário da Província”, este último premiado no Festival de Nantes, na França, foram vendidos para a Alemanha e Espanha, consolidando a sua presença nos meios cinematográficos internacionais.
O cineasta Roberto Palmari faleceu, na cidade de Porto Alegre, em outubro de 1992, vítima de aneurisma cerebral.
Fonte: Baldessin, Sandra Regina Sánchez – – Poeta, Professora, Membro-fundadora do Centro Literário Rio Claro e amiga do Arquivo Municipal. Jornal Regional, 27 de junho de 2009.
DOCUMENTÁRIO SOBRE ROBERTO PALMARI – “O ROBERTO PALMARI DOS OUTROS”
O roteiro foi confeccionado a partir de pesquisa realizada pelo jornalista e cineasta Lourenço Favari. “Tenho uma admiração grande por Palmari e tento sempre levar ao conhecimento público sua vida e obra. O que mais me deixou satisfeito foi que o documentário foi inteiramente produzido pelos alunos, não encostamos as mãos nos equipamentos. E a qualidade da produção é de dar inveja a muito documentário”, disse Lourenço.
O trabalho, que tem duração de 11 minutos, mistura cenas de ficção com documentário e pretende trazer à tona a importância do cineasta rio-clarense Roberto Palmari. As oficinas foram ministradas por Eber Novo, João Paulo Miranda Maria, Matheus Fiorio, Letícia Tonon e Lourenço Favari.